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As corruíras do verão

Na solidão no quarto frio onde moramos
na cidade grande percebemos que
ela começou a trinar seu canto de acasalamento
alegre e melodioso. Seis, seis e
pouco da manhã, começa a cantoria e aí
a acordamos meio na preguiça de levantar
da cama para enfrentar outro dia de
trabalho. Da janela, observamos que a
pequena corruíra fizera o ninho no beiral
de uma casa de fundos onde mora
uma senhora que passa o dia lavando e
passando roupa. A avezinha cata insetos
no chão, formigas, besouros e volta para
o ninho rapidamente. De vez em quando
pousa no galho seco do pessegueiro
morto e trina alegremente. Debruçado
à janela, lembramos de outras corruíras
nos quintais de antigamente quando a
não era preciso corruíras para nos lembrar
dos quintais de antigamente. Lá
embaixo a lavadeira continua sua faina,
fechamos a janela do quarto e o canto da
avezinha desaparece naquele roncar de
carros, bancos abrindo as portas, gente
com pressa na rua, fumaça, barulho e
correria à toa. A caminho da forca onde
nos aguarda o insípido trabalho constatamos,
com tristeza, que nada vale mais
que o trinado de uma corruíra que nos
acorda de manhã, toda manhã.

Juvenil de Souza ouve
pássaros e também estrelas.



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