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As folhas mortas

No final do verão, terminada a época
das chuvas, as folhas começam a cair
no chão morno do sol escaldante. Caem
devagar como borboletas tontas e sem
destino, levadas pelo vento suave da
tarde de nuvens vermelhas no horizonte
distante. Amarelo-pálidas, marrons,
verdes, cinzentas, vão despindo as árvores
de seu manto verde, um strip-tease
natural, sem malícia e que se repete ano
após ano. Deixam a gente lembrando a
infância que se foi, a juventude colorida
e muitas vezes desperdiçada em festas
sem fim e sem sentido, o adeus dado na
hora errada, o beijo na face da menina
de sardas, o afago nos cabelos encachoeirados
da morena cor de canela, a moça
na janela olhando distraída para o nada,
o trem que levou um amor infinito para
longe, a carta não enviada, o amigo que
morreu à toa, viagens adiadas e aventuras
de amor que não aconteceram. Com
a gente ou sem a gente, as folhas continuam
a cair melancólicas e langorosas
ao ritmo da brisa suave da tarde de calor.
Ébrias e já sem vida jazem no chão
cumprindo o seu destino, como o nosso,
que também é o de um dia jazer na terra
para sempre.

Juvenil de Souza não sabe
distinguir as estações do ano.
Vive o dia como acorda. Se
triste, triste, se alegre, alegre.


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