Era assim, mão na mão no cordão,
lança perfume Rodouro no ar, serpentinas,
confetis, garotas ariscas fantasiadas,
todos cantando em coro a música da
orquestra com trombones, pistões, saxofones,
bateria e coro afinado de cantores
escolados na vida do palco; um ou
outro bêbado dançando contra a maré;
lá no fundo entre as milhares de pessoas
um cabelo talvez loiro, talvez escuro
brilhava no ar quente; olhares esguios,
corpos suados, beijos rápidos roubados
no meio do salão, fantasias barrocas, a
música barulhenta, o rum com cocacola
subindo ao cérebro, misturado com
lança-perfume esparzindo prazeres no
ar, lenços molhados na face da companheira,
quarta feira tudo acabado, confetis
no banheiro, um gosto de poeira,
ressaca de tudo, ficava a lembrança esperando
o outro carnaval que não veio.
Juvenil de Souza, carnavalesco
sem brilho, nunca se fantasiou
de mulher no carnaval, nem de
pirata. Ia de cara de pau.
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