English French German Spain Italian Dutch Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified

Chega o inverno no coração enregelado...

O céu de maio era de um anil sereno,
nuvens imitando carneiros e um sol
ardido nos olhos crestava as folhas das
frágeis plantas da beira do córrego gelado
de águas límpidas. A gente era romântico
e o coração ardia por amores
impossíveis e distantes. Sonhava com
namoro no portão de tramelas expostas,
beijos furtivos, fuga para uma cidade
distante, como um casal de ciganos perdido
nas estradas sem fim. Foi naquele
tempo de frio, pêlos eriçados nas pernas
e braços, na quermesse ardente que ela
apareceu rodeada de pessoas estranhas,
sorriso franco e encantador, blusa branca
de lã, um gorro francês, mulher de
todos os sonhos e de todos os desejos.
Correios-elegantes dispararam como
torpedos, mas nenhum atingia o alvo, o
coração e a alma da jovem desconhecida
de olhar indiferente e altivo. Durou três
dias a quermesse, três e mais milhões de
dias a paixão enclausurada no coração
juvenil, até que ela desaparecesse como
apareceu. Do nada, entre as gentes passando
naquela festa ao anoitecer quando
a vimos pela primeira vez. E também
pela última vez, naquele outono-inverno
de luz anil de maio, nuvens rápidas e esguias
no ar, perfume de magnólias e begônias
nos jardins do antigamente.

Juvenil de Souza pega gripe no
começo de inverno e fica de molho
até o final de agosto. Quanto às
paixões, deixa que elas aqueçam
seu coração até o verão chegar.



Página Inicial