English French German Spain Italian Dutch Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified

História de circo e fuga com a bailarina

O circo era armado no pastinho dos Titarelli. Depois da escola a gente passava as tardes sonolentas observando os “mata-cachorro” erguer o mastro, apertar cabos de aço e enterrar ferros no chão até tudo ficar pronto no dia da grande estréia na sexta-feira.
Na estréia, luzes feéricas iluminavam a bilheteria. No alto da arquibancada todo mundo
ria, gritava, vaiava e batia palmas comendo pipoca. Foi aí que surgiu a bailarina-equilibrista, cabelos amarrados, maiô branco e justo no corpo perfeito, pernas
recobertas com meias semitransparentes, sapatilhas brancas e delicadas para
fazer o número principal de ginástica.
Diante de tanta beleza, o coração ficou opresso, dedos em cruz para que ela não sofresse nenhum acidente. Morrendo de paixão, juramos que ia fugir e casar com ela assim que o circo fosse embora. Na tarde seguinte a fresta aberta da porta da barraca de zinco enferrujado, que ficava no fundo do circo, mostrava a bailarina seminua espancada pelo homem forte que fazia o espetáculo com ela no palco. E ao lado, abandonada na cama
de lençóis sujos e rasgados, uma criança chorava desesperadamente agarrando a mamadeira vazia. Foi aí que, covardemente, desistimos de fugir e casar com a bailarina do circo.

Juvenil de Souza é equilibrista
precário - leva a vida no arame e
anda sempre “na corda bamba”.
Como palhaço, nunca fez ninguém rir.


Próxima crônica
Página Inicial