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Lobisomens, bruxas e o diabo

A gente tinha medo de assombração,
lobisomem, mula sem cabeça, saci pererê, fantasmas de camisola, bruxas, vampiros e morcegos.
Não podia comer carne na quaresma porque dava gôgo e criava bicho no corpo. Ai de quem batesse um martelo na sexta-feira santa, quando tudo ficava quieto e só se escutava as matracas chamando para a missa. Tinha os colegas que contavam que o pai de menino da fazenda Amália foi pregar um prego na madeira, o prego saltou para cima e feriu o olho esquerdo dele, que ficou cego.
Outros contavam a história do homem que comeu carne e quando ia indo embora para casa a mula sem cabeça apareceu e o levou para o quinto do inferno.
Lobisomem, então, era o que mais aparecia - na cruz de madeira do Monte Alto, na encruzilhada das Três Árvores, no Andreta, na torre da igreja do Largo Santo Antônio e até uma vez dentro da própria igreja Matriz, quando foi excomungado pelo padre espanhol. O duro era ir embora para casa morrendo de medo depois que a gente ficava ouvindo essas histórias contadas pelos mais velhos debaixo daqueles postes de iluminação com luzes fracas e amareladas. O jeito era cruzar os dedos, fazer o sinal da cruz e pedir proteção para São Longuinho até chegar em casa, entrar debaixo das cobertas, fechar os olhos e torcer para que não aparecesse nada para amedrontar a gente. Nunca apareceu...

Juvenil de Souza não faz furo n’água.

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