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Uma nova vida que nasce

O caminhão com a mudança atolou na subida da estrada da Corredeira, estava chovendo muito e José ouviu um mugido de vacas vindo de um curral ali perto, no fundo da estação de ferro abandonada. José apeou do caminhão, a chuva forte penetrava na roupa e dava calafrios. Chamou Maria e levou-a no colo até o curral, que tinha uma lâmpada amarelada pendente do teto.
As vacas estavam encostadas umas nas outras, junto com as galinhas e outras criações. Ele pegou um monte de palha seca, deixou a mulher deitada e foi buscar uns panos limpos no caminhão. Daí a pouco nasceu um menino chorando. A mulher gemia e o menino berrou assustando as vacas ruminando.
A chuva parou, ele ajudou a mulher a limpar a criança enrugada e a enrolou nos panos velhos e puídos. O menino parou logo de chorar, a estrela guia apareceu no céu já sem
nuvens e o primeiro galo cocoricou lá na serra.
O casal saiu do curral, ela um pouco fraca e com fome. Subiram no caminhão, ficaram ali, dormitando nos assentos, esperando ajuda. No luscofusco da madrugada apareceram três cavaleiros de capa boiadeira. Um ofereceu leite, o outro, umas frutas e o terceiro, o pouco dinheiro que trazia na algibeira. Os cavaleiros abençoaram o menino e foram embora. Maria e José ficaram esperando o dia clarear de vez. A barra do dia vinha chegando com todas as cores e passarinhos, era um novo dia nascendo junto com o menino, como tinham nascido seus avós, naquela pobreza viajante desde o começo dos tempos.
A mãe olhou com ternura o seu menino e disse:
- “Vai se chamar Jesus”.

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