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Nós e as frágeis aleluias

As frágeis aleluias apareciam nos postes de iluminação um pouco antes das primeiras chuvas prenunciando a estação das águas que ia do começo de setembro até o final de março, quando acontecia a enchente das goiabas.
De asas transparentes e finas rodeavam as luzes opacas até caírem no chão, logo
devoradas pelas línguas rápidas e compridas dos sapos que ficavam em grupo
esperando a presa cair. Com elas também vinham os besouros pretos, amarelos e os raros com chifres que eram guardados em vidros transparentes até morrerem esquecidos em alguma prateleira.
Apareciam sempre na mesma época, obedecendo alguma lei obscura e secreta, sem nenhum propósito aparente ao nosso curto entendimento das coisas. Como nós também cumprimos
nossa trajetória sem saber porque ou de quem partiu a determinação. Nascemos,
crescemos, temos filhos e tudo continua numa roda sem fim, sem nenhum propósito em tudo. Aleluias sem asas sonhamos um vôo que não há, no final do qual um imenso buraco, como a boca do sapo devorador nos espera sem remédio.
Por que, para que? Perguntamos já sabendo que não teremos nenhuma resposta.

Juvenil de Souza quer saber quem
nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?


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