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O grande beijo

O primeiro beijo que a gente deu foi na sala escura do cinema quando passava um episódio do Cavaleiro Negro na matinê. Foi uma coisa meio sem graça, gosto de saliva na boca, dente com dente, bem rápido na colega de escola que sentava na carteira de trás na escola e nos ensinava as coisas que a gente não sabia de português, aritmética, geografia e história.
Aquele beijo foi meio sem querer, nem ela nem a gente sabia beijar e nem se aquilo era bom. A gente via beijos nos filmes, nas histórias em quadrinhos quando todos torciam para que o mocinho salvasse a mocinha daqueles bandidos malvados.
Mas aí, naquele momento, um olhou para o outro, houve uma atração assim como um ímã e nossas bocas grudaram. Os outros colegas sentados ao lado e atrás nas cadeiras do cinema ficaram espantados, mais que a gente. Depois, ela pegou minha mão de leve e assistimos o resto do filme como namorados. Dedos nos dedos a gente vivia um filme de verdade. Lá na tela, tudo era uma ilusão passageira, que voltava no domingo que vem.
Domingos que não voltaram e beijos que se perderam no ar, no tempo, na vida, nas esquinas e voltas que o mundo dá.

Juvenil de Souza só aprendeu
a beijar muito mais tarde.
Mas aí já era tarde.


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