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Outro Correio Elegante

Estou enviando outro Correio Elegante para que você não se esqueça de mim e se lembre quando foi embora para sua cidade em Minas Gerais. A gente não sabe porque você não respondeu da primeira vez que escrevemos naquela noite de quermesse de junho muito frio no Largo Santo Antonio - você estava com um casaco de lã bem comprido, cobrindo os braços e usava capuz, para se proteger do sereno daquela noite quando a molecada soltava traques e um arco-íris girava centelhas de fogo nos pregos das janelas e tinha vulcões coloridos e rojões poderosos. Hoje volto a escrever, mas já sem nenhuma esperança, porque um colega contou que viu você conversando no Beco da Iáiá com aquele rapaz da fazenda Amália.
Que fazer? A vida é assim mesmo, só estou escrevendo de novo porque a esperança é a última que morre e a gente quer que você fique sabendo que nosso coração bate forte quando pensa em você e vê sua imagem distante tomando quentão na barraca e soltando fumaça pela boca, um sorriso lindo e brilhante, as faces coradas pelo frio cortante e aquele olhar ferino de onça brava criando filhote. Me desculpe a letra sem jeito e essas palavras erradas. Só espero que um dia você se lembre daqueles dias formosos, quando um inverno frio como este de agora esfriar seu coração tão solitário, hoje, como o da gente.

Juvenil de Souza está tirando
carta de chofer para poder
choferar o Volkswagen usado
que comprou de décima mão.


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