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Sonhos de uma tarde de verão

Sonhamos sempre com aquela pescaria de antigamente num poço limpo e tranqüilo no córrego correndo lentamente com libélulas lambiscando a superfície da água, lambaris saltando para pegar a mosca arisca, aranhas D'água deslizando como num balé aquático e veloz.
A vara era de taquara, fina e do tamanho certo, anzol mosquitinho e linha número vinte, as minhocas gordas e gosmentas, um acepipe para os peixinhos miúdos e ariscos que mordejavam a isca sem levar. Mas quando pegava um daqueles lambaris alegres, a emoção e a alegria sempre aumentavam no coração juvenil.
Hoje, aqui na cidade grande, depois da chuvarada que fez os rios transbordarem, véspera da “enchente das goiabas“, ainda sonhamos voltar a pescar, um dia, naquele poço não muito profundo no córrego que deságua no rio Pardo, logo abaixo da Itaipava, onde piabinhas espreitam no meio da capituva e do arranha-gato que deixa marcas nos braços.
Foi ali, há séculos, à sombra do frondoso ingazeiro que despejava flores branco esverdeadas na água límpida e tranqüila do riacho que nos beijamos pela primeira vez, esquecidos do peixe puxando a linha e a vara descendo a corredeira rumo ao rio. Depois do beijo casto e alegre, sorrimos bobamente um para o outro, esquecidos dos lambaris pulando em busca de comida no espelho das águas que refletiam nosso sorriso,
uma fotografia meio turvada pelo tremelicar da água e que desapareceu de uma vez, levada pelo tempo que apaga impiedosamente todas as imagens do antigamente.

Juvenil de Souza foi o maior pescador da cidade e adjacências.


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