Os dias duravam um dia inteiro e
as coisas estavam todas em seu lugar.
Todos trabalhavam na Amália e quem
não trabalhava lá era sapateiro, alfaiate,
relojoeiro, pedreiro ou jardineiro. Aos
domingos o pessoal da roça vinha fazer
compras na cidade e nas segundas feiras
o comércio fechava: barbeiros e alfaiates
não trabalhavam e ia todo mundo
pescar no rio Pardo. As pessoas que vinham
dos sítios traziam galinhas e frutas
para vender, tudo exposto nas charretes
e carroças rangentes. As mocinhas sentadas
no banco da frente das charretes
sorriam, comportadíssimas, sonhavam
em comprar vestidos e um - quem sabe?
- casamento na cidade. As noites começavam
cedo, os postes tinham luzes
fracas que sempre apagavam de repente.
As ruas eram de terra e as calçadas de
pedras escorregadias. A cidade era um
quadrado conhecido - rua da Pinga, rua
do Sapo, do Comércio, rua da Máquina,
rua do Cemitério, rua da Estação, estrada
de Amália e assim por diante. Acreditávamos
que o mundo ia ser assim
eternamente - com todas as coisas em
seu lugar, como é ainda naquele mapa
na parede que mostra os limites exatos
daquele mundo que acabou.
Juvenil de Souza nunca
usou terno de linho 120.
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